quinta-feira, 12 de abril de 2012

Romântica comédia






Combinamos de viajar no fim de ano. Passaríamos a virada do ano, adivinha onde? Em uma ilha. Sim, mais romance impossível, a vida que imita os filmes, os filmes da vida, os filmes que copiam a vida. Seria nosso terceiro encontro.  Moramos em cidade diferentes.

Primeiro Curitiba. Esperei ela no aeroporto, ela chegou com frio e um pouco tímida. A observei me procurando por alguns segundos, sorri por dentro ao ver sua incerteza momentânea que todos sentem ao passarem pela porta que se abre automaticamente acionando uma pequena dúvida “Será que ele veio mesmo?”.  Dúvida rápida que passa ao passageiro de momento.

Me escondi atrás de outros abraços e sorrisos, ela foi para um lado, eu estava no outro, a peguei por trás. Ela sorri, é um reflexo do meu sorriso. A gente imediatamente se beija. Novamente me impressiono. Sempre que a beijo novamente, sinto que é muito melhor do que consigo me lembrar. Um abraço forte naquela magricela branquela. Pego a mala, seria um absurdo deixar ela carregar. Mãos dadas, poucos palavras. Na verdade as básicas “Boa viagem?” “Que saudade” “Que bom que chegou”, preocupação, carinho, felicidade. Palavras eram pequenas perto pegar na mão dela novamente.

Estamos dentro do carro, em uma cidade velha para mim,  para ela novíssima. Isso me reanima em relação a Curitiba, quero exibir a cidade modelo que já tanto xinguei e amei. No carro sinto uma coisa estranha.. Já sei.... São minhas mãos. Droga. Minhas mãos estão no volante, é isso! Elas querem toca-la, minha mão direita odeia passar marcha nessa hora, a direita sonha com o interior daquele zíper, enquanto a esquerda sofre no volante pensando em segurar aquela nuca.  Não me lembro da nossa conversa, me lembro do maldito sinal verde que interrompia nossos beijos. Tantos eternos sinais vermelhos passei sozinho... E agora o maldito verde nos atrapalha.

Finalmente em casa. Está vazia, minha família viajou. Já não é minha moradia fixa, mas sempre será meu lar.  Malas, água, banheiro, papo furado... Essas coisas de quando a gente chega de viagens.  A pequena distância dentro do carro aumenta minha vontade de tê-la.

Vamos logo para a cama, uma grande e fofa cama cedida por meu irmão. Nos comemos. Não foi como da primeira vez, quando na minha casa, fizemos amor. Carinho, cuidado, generosidade. Agora não, éramos dois egoístas querendo nos satisfazer um com o corpo do outro e foi tão bom!  Ela perfeita, nos encaixamos e seguimos encaixados até o fim. Braços e pernas se misturam, a beijo com tanta força que dói, ela solta um “Ai!”, paro, sorrio e volta a beija-la.  A intensidade da saudade acelera nosso gozo. Agora sim! Podemos começar essas férias.

Tomamos banho juntos. A banheira enche e estamos sentados nos lavando.  Estou sentado com as pernas entre abertas e os joelhos para cima, algo bizarro acontece. Ajeito minhas pernas e nisso, meu pau que estava prensado entre as coxas se solta e sobe, boiando. Quando percebo aquela cabeça de tartaruga branca enrugada surgindo na superfície da água tomo um puta susto! Esqueci que tinha pau. Pensei que era qualquer outra coisa, menos meu pau. Dou risada e revelo a minha idiotice pra ela, que ri ainda mais alto, muito mais alto, ri muito a desgraçada.

Passeios em parques, sorvetes nas praças, enfeites de Natal, beijos, lenços e duas panquecas gigantes com muita batata frita. Para fechar, seção dupla de filminho no sofá, Matrix (acredita que ela ainda não tinha visto? Um absurdo!). Vemos algumas fotos do nosso dia, ela tem vergonha, está com o canto direito do lábio inferior roxo. Lembra daquela “Ai!”? Pois então...  Meus pais vão chegar logo mais a noite, depois de transarmos de novo, ficamos meia hora pensando em desculpas para a boca roxa, ela jura que todos vão reparar, eu sei que não vão falar nada.

Minha família chega tarde, nós  vamos sair cedo. Ela se arruma para meus pais, está ansiosa . Eles são muito legais. Fico feliz com o encontro.   Exibo o presente que ela me deu, um quadro. O quadro mais legal do mundo! Minha mãe empresta para a desconhecida um de seus moletons, está frio, ela preocupada com a magricela.  O pai fala que vi nos levar na rodoviária de manhã. Meu irmão senta com a gente no sofá, assisti um pouco  Matrix Reloaded e se vai. Ele gostou dela também. Nos abraçamos  no sofá, aliviados. Pela manhã café da manhã com o paizão que gosta de puxar papo com a mineirinha. Eles se dão bem, é bom vê-los conversando, parece que ela é velha amiga dele. Generoso como sempre, nos leva a rodoviária e isso o faz feliz. Gosto muito dele, já me levou na rodoviária mais de mil vezes, é lindo esse carinho.


Descemos do ônibus depois de uma hora de viagem onde dormimos descontando o sono reduzido da noite anterior. Encontramos um colega que eu não sei o nome (mais um que não sei o nome,  quero parar com isso de não saber), ele levou uma bicicleta, estava indo para a mesma ilha, batemos um papo e nos separamos.

Andamos um pouco pela pequena rodoviária, o acordo é que o dono da pousada iria nos buscar na rodo e nos levaria em sua barco até a ilha.  Aparece um senhor de olhar preocupado, ele caminha em direção nosso ônibus, nos olha e pela nossa branquelice deduz que somos o casal que veio de São Paulo. Ele pergunta “Thiago?”. Digo “Não, Fábio, serve?”. Ele coloca a mão na cabeça  e pede desculpa, começa um discurso sobre como está com a cabeça cheia, cheia de cobranças, cheia de pessoas, cheia de preocupações e esse discurso segue praticamente todas as vezes que nos encontramos. Nos leva até o local da onde seu “marinheiro” nos conduziria em um barquinho pequeno, para apenas 5 pessoas até a ilha em um viagem de uns 30 minutos entre ilhas, é um passeio bonito. Nunca havia feito, um outro casal segue coma gente, mal nos falamos, eu ela não nos desgrudamos, cada oportunidade para dar as mãos aproveitamos e seguimos nos beijando com intervalos curtos para também não cansar e apreciar a vista com muita água barcos ao longe e pássaros do mar.

Chegamos em Superagui, é linda! Simples e linda, simplesmente bonita.  Casinhas, barzinhos, pousadinhas... Tudo é “inha” ou “inho”, pois lá a todas as coisas grandiosas não foram feitas pelo homem, mas pelo Big Bang, se Deus fosse um Rapper aposto que se chamaria “Big Bang”.  A pousa é uma graça, sim, uma graça, foi o jeito mais “gay” de colocar, mas se fosse visse ela diria uma graça também. Entramos no quarto, ajeitamos mais ou menos a coisas e,  adivinha! Transamos! Como é bom transar, né? Com ela então, recomendo, viu? Embora espero de verdade, que não siga minha recomendação. 

Depois testarmos os estrados da cama (uma vez que é impossível sentir o colchão mais fino do mundo) saímos para explorar a ilha. Saímos felizes pela deliciosa transa, mas principalmente por que a cama apesar de ter estrados macios não faz barulho quando brincamos de trenzinho em cima dela.



Confesso que a sequência dos fatos de mistura na minha cabeça a partir de agora, foram maravilhosos dias parecidos. Colocarei na ordem que lembrar ou sentir.

Almoços agendados, muito camarão frito, coisa que ela nunca havia comido, assim como caranguejo! Ela gosta de tudo, e vou te contar, viu? Ela tem experimentado algumas coisas novas e tem gostado bastante, me orgulho de ser digamos, seu “conselheiro”.  No primeiro almoço há uma tv no canto do restaurante vazio que transmite um jogaço! Barcelona e Milan! Fico feliz por poder ver o jogo. Grande jogo! Empates e desempates, no penúltimo gol, no meio do segundo tempo descubro que o jogo é uma reprise e que pior! Eu já havia visto e não lembrava. 

Ela é linda, insuportavelmente linda! E seus beijos... Esses são os melhores que já dei, gosto muito mais dela quando estamos nos beijando, por isso a beijo toda hora, gosto de segura-la firme, assim como ela também o faz, é insuportavelmente bom, aliás... na verdade é bem suportável, passaríamos um dia inteiro nos beijando, e nem precisaria ser uma competição por um carro dessas idiotas que passa na tv. Não, nossa idiotice já é suficiente.

Um sonho dela era andar no píer! Quando soube disso dei risada e fiquei muito feliz de poder estar junto com ela na hora de realizar sonho tão singelo. Adoro essa palavra “singelo”!

Fomos caminhar por uma longa trilha que nos levou até a “Praia deserta”. Caminha longa e bonita, muita besteira foi dita, o ar estava leve e fresco, fotos tiradas e pouquíssimas pessoas encontradas no caminho. Entre elas uma família inteira de bicicleta, não só pai mãe e filhos, creio que haviam ali tios também, e não estávamos na China!

Depois de fugir de um enxame de mosquitos ao passar por um riacho escuro chegamos a Praia deserta. Um grande falcão nos recepciona, ela pousa em nossa frente e diz “bem vindos amigos do continente”. Tá, eu to viajando, mas um falcão passou por cima da gente e foi um lance muito legal, tá?  Muita areia entre nós e o mar. A Praia era muito grande e bonita, havia alguns grupos de pessoas ao longe. Andamos um pouco observando coisas que a maré trouxe até a areia, impressionante o número de tamancos e chinelos, tamancos bem feios, me parece que um barco cheio de travesti afundara por aquelas águas. Ou Yemanjá estava devolvendo os pares que não gostou de receber no último ano novo. Eu e ela concordamos que é muito escroto ficar jogando lixo no mar para homenagear a Deusa, acho que tudo bem jogar  algo natural, que vai se desintegrar, mas garrafas de vidro e roupas! Toma no seu escuro cú! Nos sentamos em um morrinho de areia com algumas plantinhas verdes em volta e adivinha? Transamos! Brincadeira de novo! Não... A gente fumou maconha! Pois é. Foi a estreia dela nisso também, acho que gostou mais do baseado do que do camarão empanado, eu prefiro o empanado, perfeito seria baseado empanado!

A gente começa a rimar, adoramos brincar disso. Algumas rimas são boas, a maioria é horrível e entre todas ela solta uma pérola!

“Eu não vou voltar, não vou voltar naquela trilha
Porque eu tenho medo, tenho medo da matilha
A matilha é de lobo, alcateia também!
Eu não sei os coletivos eu estudei foi na Feben!
Em, em em eu estudei foi na Febeeeen        
Em, em em eu estudei foi na Febeeeen”

A gente ri muuuuito! E não precisa estar chapado pra rir dessa rima improvisada. É muito bom ver essa se divertindo. Fico feliz por que não entrou em “bad trip” com a ilícita. Ela está linda sentada na areia com seu lenço na cabeça.
Depois de muita risada decidimos voltar andando pela praia. Nos deparamos com uma das melhores atrações para pessoas chapadas em ilhas desertas: um confronto entre o mais corajosos dos Siris  e um Labrador! Foi emocionante ver esse encontro que a natureza vive proporcionando e que o Discovery Channel mal sabe aproveitar. Mas nós soubemos, filmamos e narramos a coisa toda.

Mais alguns passos e percebo que faz mais de 30 minutos que não nos beijamos, uma tragédia!  A puxo com força novamente nos encaixamos. Típica e deliciosa cena de filme, mais uma! Beijo pefeito. Perto do fim, quando estava chupando delicadamente seu lábio inferior a maré nos alcança refrescando nossos pés, massageando nossas pernas e tornando tudo ainda mais mágico. Naquele momento sinto que casamos! Como se o mar nos abençoasse perante toda a natureza!  “A gente casou Be!”.

















3 comentários:

  1. Lendo esse texto eu quase quase consigo sentir. Reviver cada um desses momentos, com esse riso idiota no canto da boca, o mesmo canto que já esteve roxo e agora sente saudade de vc.
    Obrigada por tantos momentos incríveis ao seu lado. Obrigada por estar ao meu lado. Obrigada por ser o meu outro lado, que é meu reflexo, sendo no final das contas um só.
    Te amo, te amo e te amo. Super! Supersagui!

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  2. Absolutamente lindo. Que cada segundo de vocês seja incrível. Que vocês sejam sempre felizes! Vocês são lindos! ♥

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